Higiene na Era Tudor

Quando li As Seis Mulheres de Henrique VIII e A Princesa Leal, me deparei com uma realidade imunda (para ser mais específico): os ingleses não tinham o hábito de banhar-se regularmente, molhando apenas as pontas dos dedos para comer. Os nobres se limpavam apenas em ocasiões especiais. Já o resto da população tomava banho apenas uma vez por ano. Por isso que a taxa de mortalidade no século de XVI e a expectativa de vida eram baixas, como não seriam?
Embora algumas ressalvas precisam ser feitas: estamos lidando com uma época em que o imaterial estava personificado na figura da Igreja católica, que pregava que contemplar o corpo nu era pecado. As pessoas tinham medo de pecar, pois nem todos podiam comprar um lugar no céu e quando chegava a hora do banho a população o tomava de roupas e em conjunto. Uma imensa tina de água era colocada para que vários por ali entrassem e saíssem (pensem em como essa água ficava após receber dezenas de corpos que estão ha uma ano sem tomar banho).
Catarina de Aragão deve ter se sentido enojada quando chegou da Espanha, acostumada com a conforto e os cuidados que tinha no palácio de Allambra, e se deparou com costumes tão pouco higiênicos. Também temos que levar em consideração que o clima da Inglaterra era frio, mas daí chegar ao ponto de tomar apenas um banho por ano... Meu deus, louvado sejam os índios brasileiros que legaram para os contemporâneos de suas terras o hábito de banhar-se ao menos uma vez por dia!!!

De certo modo, eu justifico essa falta de higiene como uma questão de consciência mesmo!

Abraço a Todos!

Louvado sejam os índios mesmo!

O professor que me deu Medieval I sempre sacaneava quem jogava RPG na sala... "Vocês acham que tinha muito elfo loiro, alto, de olhos azuis... mulheres peitudas servindo vinho com dentes perfeitos e sem cáries iguais nos filmes e jogos? Era um bando de gente imunda e o melhor daquilo era a peste que se proliferava... e que deveria vir matar vcs seus desmiolados!!"

Mas quando li no livro da Princesa Leal fui imaginando, pela forma como a autora vai desenvolvendo e descrevendo, com mais detalhes e me toquei do quanto devia ser realmente nojento.

Não acho que seja uma questão religiosa, embora isso possa ter contribuido, porque Isabel, a rainha católica, sua família e seu séquito viveu uma outra realidade, mas também não vou dizer que seja falta de consciência pra não parecer uma visão etnocêntrica. Talvez uma questão cultural a da higiene... mas com que origem e pautada em que não sei.

Bom, respondo ao tópico com um trecho do post A Beleza e a Saúde na Era Tudor.

Muitos acreditam que nos tempos dos Tudor as pessoas na época dos Tudors eram sujas e se se esforçassem poderiam ser mais limpas. Isso é um equívoco, uma vez que fazer coisas como tomar banho naquela época era realmente complicado. Primeiramente você tinha que ter uma banheira de madeira redonda, revestida com panos por causa das ferpas, tinha de recolher água e esquentá-la (se usavam baldes) e depois despejar de pouco em pouco na banheira. Esta situação dificultava a lavagem diária, por isso se tomava banho poucas vezes por semana.Henrique VIII dava muita importância ao banho, mandando construir vários em Hampton Court e no final de sua vida em Whitehall Palace, mesmo sendo um lugar para se nadar. No inverno, Henrique tomava banho com ervas que eram recomendadas por médicos. Entretando não se sabe se colocava-se as ervas na banheira ou ela era esfregada em na pessoa que iria se banhar primeiro.Infelizmente, as normas gerais de higiene eram pobres. É por isso que tantas mulheres morriam depois do parto – as parteiras não lavavam as mãos – o que levava a infecções. Entre as mulheres famosas que morreram após o parto estão Elizabeth de York, Jane Seymour e Catarina Parr.
Além do sabão e do banho, os reis e os nobres tiveram a oportunidade de comprar perfume. Alison Sim, autora de “The Tudor Housewife” (“Uma dona de casa na época dos Tudor”), observa que os perfumes eram usados mais para enfatizar o status social do que para mascarar odores, mas compria ambas as funções. Além disso, os odores vinham principalmente das roupas que não eram sempre lavadas.
Imagine como seria um dia quente de verão, usando aqueles pesados vestidos. Era sempre um desafio manter a roupa sempre limpa e muito mais desafiador lavá-la, uma vez que não havia detergente, maquinás de lavar roupa e muito menos desodorante. A maior importância de roupa limpa era dada as roupas íntimas. Todos, ricos ou pobres, sempre trocavam a cueca ou a camisa diariamente.

Bom. Pode ser que pra eles não era falta de Higiene. Até porque estamos julgando-os com os olhos de um indivíduo do século XXI. A medicina não era tão desenvolvida, de modo que os ingleses do século XVI não tinham as noções de saúde que temos hoje. Mas, se não me engano, os franceses dessa época eram bem mais aceados que os seus rivais, característica que a própria Ana Bolena adquiriu como fruto de sua estadia por lá. O que me faz aproximar da visão da Luíza: de que era uma questão cultural.
Em minha opinião, o fato de trocar peças íntimas, estando com o corpo sujo, não altera em nada a falta de higiene. Muito pelo contrário, só acentua a preguiça em se lavar. Todavia, como foi evidenciado pelo post da Sora, esta era uma tarefa um tanto complicada. Mesmo assim, isso não anula meu comentário, de que o hábito de banhar-se periodicamente era mais uma prerrogativa dos nobres do que da grande camada da população!