Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
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Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
Quem leu o romance "A Favorita do Rei", viu que para a autora, foi Anne Neville que tentou a aproximação de Ricardo III e Elizabeth de York, embora o rei nem chegue a tentar seriamente ficar com a sobrinha. De fato, sabemos que houveram rumores de um caso amoroso após a morte de Anne, e que isso causou muita revolta entre a população e os conselheiros do Rei.
Mas o que vocês acham, era possível que Ricardo realmente tivesse se apaixonado pela sobrinha, ou foram só rumores, que ele se apressou em desmentir?
Mas o que vocês acham, era possível que Ricardo realmente tivesse se apaixonado pela sobrinha, ou foram só rumores, que ele se apressou em desmentir?
Re: Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
Aaah eu adoro debater esse tópico!
Depois que a Phillipa Gregory escreveu sobre isso, virou febre esse tipo de teoria. Pesquisei bastante, debati muito com pessoas que tem um conhecimento vasto sobre o rei e também vasculhei o que os historiadores do Richard III Society, a maior organização de historiadores que existe sobre o rei (que inclusive contribuíram majoritariamente com as pesquisas de seu esqueleto, no ano passado) e todos chegaram a mesma conclusão: isso é praticamente impossível de ter acontecido! Porque? Veremos:
Religião: ao contrário do caso entre primos, todo relacionamento entre tio e sobrinha era considerado meio incestuoso, mesmo com as dispensas papais. Casamentos entre sobrinhas e tios eram muito raros, e neste caso ainda chocaria muito mais a sociedade, em vista da amizade forte de Richard com seu irmão, o pai de Elizabeth, Eduardo IV. "Ah mas existem casos como o de Felipe da Espanha ou Jacquelline de Hainault, que casaram com seus respectivos tios/sobrinhas",sim, existem, mas eram raros! Dependendo do grau de urgência a Igreja poderia até aceitar mas a sociedade criticaria muito, e já manchado pela reputação da morte dos sobrinhos, Richard não se arriscaria tanto num romance com a irmã deles. Tirando o fato que o rei extremamente religioso e levava muito a sério o julgamento divino.
Richard procurava casamentos para Elizabeth e ele mesmo: sim, existem evidencias que ele estava tentando se casar com princesas de Portugal e Navarra, uma vez que precisava de um herdeiro. E para que um Richard apaixonado teria tanta pressa para enviar sua amada para se casar no exterior, onde provavelmente nunca a veria novamente?
A maioria dos argumentos de quem acredita no romance entre o casal são as supostas cronicas que afirmavam o escândalo na corte. Entretanto, não existem mais nenhum desses documentos, logo, é como caminhar no escuro. A propaganda negativa em cima de Richard era fortíssima, inúmeros boatos foram criados sobre o rei então não surpreende que uma declaração de "incesto" fizesse parte do todo. Corte era sinônimo de fofoca.
Para concluir, romances históricos são ficções. Muitas vezes modifica-se muita coisa no processo de criação de uma história para que esta atraia leitores e Phillipa Gregory é expert nisso. Nem todo livro interessante é real. Ao afirmar que Elizabeth de York se relacionava com seu tio, na minha opinião, a autora cometeu o mesmo tiro no pé de "A Irmã de Ana Bolena" e aquelas cenas de incesto entre Ana e seu irmão, além do próprio Henrique a ter estuprado, teorias que qualquer um que dominem mais a área consideram praticamente impossíveis.
Qualquer tipo de leitura é valida, mas lamento por livros com teorias praticamente improváveis caírem nas mãos de leigos sobre o período retratado, disfarçados de biografias narrativas. Me sinto vivendo sob a influencia da propaganda Tudor novamente
(acessem: facebook/osplantagenetas)
Depois que a Phillipa Gregory escreveu sobre isso, virou febre esse tipo de teoria. Pesquisei bastante, debati muito com pessoas que tem um conhecimento vasto sobre o rei e também vasculhei o que os historiadores do Richard III Society, a maior organização de historiadores que existe sobre o rei (que inclusive contribuíram majoritariamente com as pesquisas de seu esqueleto, no ano passado) e todos chegaram a mesma conclusão: isso é praticamente impossível de ter acontecido! Porque? Veremos:
Religião: ao contrário do caso entre primos, todo relacionamento entre tio e sobrinha era considerado meio incestuoso, mesmo com as dispensas papais. Casamentos entre sobrinhas e tios eram muito raros, e neste caso ainda chocaria muito mais a sociedade, em vista da amizade forte de Richard com seu irmão, o pai de Elizabeth, Eduardo IV. "Ah mas existem casos como o de Felipe da Espanha ou Jacquelline de Hainault, que casaram com seus respectivos tios/sobrinhas",sim, existem, mas eram raros! Dependendo do grau de urgência a Igreja poderia até aceitar mas a sociedade criticaria muito, e já manchado pela reputação da morte dos sobrinhos, Richard não se arriscaria tanto num romance com a irmã deles. Tirando o fato que o rei extremamente religioso e levava muito a sério o julgamento divino.
Richard procurava casamentos para Elizabeth e ele mesmo: sim, existem evidencias que ele estava tentando se casar com princesas de Portugal e Navarra, uma vez que precisava de um herdeiro. E para que um Richard apaixonado teria tanta pressa para enviar sua amada para se casar no exterior, onde provavelmente nunca a veria novamente?
A maioria dos argumentos de quem acredita no romance entre o casal são as supostas cronicas que afirmavam o escândalo na corte. Entretanto, não existem mais nenhum desses documentos, logo, é como caminhar no escuro. A propaganda negativa em cima de Richard era fortíssima, inúmeros boatos foram criados sobre o rei então não surpreende que uma declaração de "incesto" fizesse parte do todo. Corte era sinônimo de fofoca.
Para concluir, romances históricos são ficções. Muitas vezes modifica-se muita coisa no processo de criação de uma história para que esta atraia leitores e Phillipa Gregory é expert nisso. Nem todo livro interessante é real. Ao afirmar que Elizabeth de York se relacionava com seu tio, na minha opinião, a autora cometeu o mesmo tiro no pé de "A Irmã de Ana Bolena" e aquelas cenas de incesto entre Ana e seu irmão, além do próprio Henrique a ter estuprado, teorias que qualquer um que dominem mais a área consideram praticamente impossíveis.
Qualquer tipo de leitura é valida, mas lamento por livros com teorias praticamente improváveis caírem nas mãos de leigos sobre o período retratado, disfarçados de biografias narrativas. Me sinto vivendo sob a influencia da propaganda Tudor novamente
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Re: Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
Verdade, mas me pergunto quem teria criado esse tipo de rumor, porque eles atingiam Elizabeth de York diretamente. Só se fosse para fazê-la de vítima do seu tio malvado que queria casar com ela, para que ela fosse salva pelo bondoso e "não usurpador" Henrique Tudor. Então, eu não li The White Princess ainda (estou esperando lançar em pt); o único livro de romance que li sobre o relacionamento dos dois foi A Favorita do Rei, e gostei muito da teoria criada pela autora de que foi a própria Anne que incentivou os dois, mas que Ricardo estava tão depressivo com a expectativa de perdê-la que nem deu bola pra Elizabeth; ah sim, mas posso até soar herética, mas curti a cena de quase sexo entre Ana e George - acho que serviu para o propósito de mostrar quão desesperada ela estava de ter um herdeiro, embora também não acredito que ela pudesse ter feito isso.
Re: Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
Concordo completamente que teria sido impossível para ele se casar com ela. Até porque, pra isso acontecer, ele teria que a legitimar, o que poderia causar problemas para ele, já que a própria alegação dele ao trono provinha do fato do casamento dos pais dela ter sido considerado inválido.
Richard era muito inteligente e muito religioso pra chegar a considerar algo assim. É irônico, que ele repudiou publicamente esse boato, uma coisa que reis não faziam, porque ele ficou completamente horrorizado com ele, mas mesmo assim, alguns autores (PG) preferem acreditar que ele era imoral o suficiente para ter um caso com sua própria sobrinha enquanto sua esposa, por quem ele tinha um profundo e verdadeiro afeto, estava convalescendo e ainda de luto pelo filho perdido.
Richard era muito inteligente e muito religioso pra chegar a considerar algo assim. É irônico, que ele repudiou publicamente esse boato, uma coisa que reis não faziam, porque ele ficou completamente horrorizado com ele, mas mesmo assim, alguns autores (PG) preferem acreditar que ele era imoral o suficiente para ter um caso com sua própria sobrinha enquanto sua esposa, por quem ele tinha um profundo e verdadeiro afeto, estava convalescendo e ainda de luto pelo filho perdido.
Rayane- Mensagens : 1
Data de inscrição : 17/12/2014
Idade : 30
Re: Ricardo III estava mesmo apaixonado por Elizabeth de York?
Verdade Rayane. Inclusive no romance ' A Favorita do Rei' fala que Ricardo realmente teria provas de que Eduardo teria mesmo se casado ou comprometido previamente com outra mulher antes de Woodville, tornando Elizabeth realmente ilegítima (essa teoria é, inclusive, exposta no romance "Retrato de Uma Mulher Desconhecida", de Vanora Bennett).
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